A Competição pelo Caminho

Existe dentro de nós um impulso a competição, uma inveja, uma preocupação com o caminhar dos outros. Mas o que podemos saber do caminhar dos outros? Realmente nada, podemos apenas fantasiar e nos atormentar com nossas fantasias. Carregamos muito derrotismo, inveja, fantasias. Não sabemos nada nem do nosso próprio caminhar.

A competição no mercado de trabalho e na vida de modo geral é estimulada e fortalecida. Chegamos à gnose com os mesmos costumes e ideias da vida comum. Queremos cargos, poder. Queremos mandar. Queremos nos destacar. A inveja e o desejo dependem do contexto, do que é “importante” dentro de cada contexto.

O caminhar é individual. Cada um tem seu tempo e caminho. Não cabe nenhum tipo de comparação. Nossa atenção deve ficar apenas em nosso próprio caminhar, apenas em nossa própria auto-observação, em nosso próprio trabalho interno. O que importa é se estamos ou não caminhando.

Um dos principais objetivos do caminho é tornar-se capaz de auxiliar os outros. Mas se não caminharmos iremos mais atrapalhar do que ajudar. O próprio caminhar é um sacrifício pela humanidade.

Enquanto nos preocupamos com o caminhar dos outros estamos apenas focados em sermos melhores, superiores. Isso por nos percebermos como piores, inferiores. Não queremos caminhar, queremos apenas humilhar, nos vingar, destruir, provar algo para alguém, nos afirmar.

A felicidade não pode ser alcançada pela competição, pela destruição dos outros. Não é possível alcançarmos felicidade à custa do sofrimento alheio. Não existe uma felicidade separada da felicidade dos outros.

Em realidade, a pior coisa que pode acontecer é estarmos melhores do que alguém, isso é muito triste. Um dos primeiros passos do caminho é o despertar de bodhichitta, que é a abertura do coração. Devemos fazer tudo pelos outros, devemos trabalhar em benefícios dos outros, nos sacrificar pela humanidade. E isso começa dentro de nossas próprias comunidades e dentro de nossas próprias casas. Devemos fazer tudo por compaixão e amor. Nosso caminhar não vale nada se não pudermos auxiliar o irmão que está ao nosso lado a caminhar.