Jardim dos Mestres

A Prisão

Muitas pessoas se incomodavam com o fato de o Mestre ensinar a doutrina gnóstica e também por tratar de algumas enfermidades fazendo uso das plantas medicinais. Os médicos oficiais lhe declaram guerra.

Pessoas que tinham acesso ao poder ditatorial da época procuravam, de alguma forma, razões para colocá-lo na cadeia. E ele então passou a ser perseguido pelas autoridades corruptas até ser encarcerado.

O Mestre afirma, nessa época, que todas as escolas espiritualistas são negras porque estão divorciadas do íntimo. Na mesma ocasião, convidou um cavalheiro para a Santa Unção Gnóstica. Este senhor era emissário de uma nova loja negra chamada “Ordem de Aquário”. Ele rechaçou o sangue do Cristo, preferindo tomar água em seu lugar.

Após este episódio, no dia 12 de março, o Mestre entrega a “Missa Gnóstica” e, no dia 14 do mesmo mês, foi preso em Ciénaga, sob a seguinte acusação textual: “Este senhor, além de cometer o delito de curar os enfermos, é também autor de um livro titulado ‘O Matrimônio Perfeito’, o qual é um atentado contra a moral pública e os bons costumes da sociedade.”

Pouco antes de sua prisão, no dia 28 de fevereiro daquele ano, esteve presente em corpo astral no Templo do Raio da Força. E, meditando sobre a realidade dos Mestres desse raio, percebeu em seus rostos rastros dolorosos da grande luta que realizaram pela subsistência diária enquanto estiveram encarnados no plano físico. Percebeu que eram grandes veteranos da batalha da vida e que entre eles não havia nenhum espiritualista pomposo, como aqueles que, no plano físico, só sabiam papagaiar em palavras bonitas aquilo que haviam lido. Compreendeu então que esses espiritualistas passavam muito longe da realidade dos verdadeiros Mestres.

Dois dias depois, realizou uma conferência em Barranquilla aos irmãos espiritualistas e confirmou o que havia percebido sobre o estado de Ser desses irmãos. Constatara que nada sabiam, não colocavam em prática nada daquilo que haviam aprendido, só sabiam falar, falar e falar, como verdadeiros papagaios. O orgulho e vaidade eram tantos que se sentiam como se fossem “Mestres”.

Enquanto encarcerado, passou o tempo escrevendo livros, meio que encontrou para transformar o mal no bem e impedir a Loja Negra de continuar atuando para confiná-lo à prisão, uma vez que, para ela, não era conveniente que ele continuasse a escrever.

Escreveu o livro “Apontamentos Secretos de Guru”; a primeira Mensagem de Natal; e o “Curso Zodiacal”, que foi mimeografado.

Na prisão, o Mestre aprendeu a viver como “Daniel na cova dos leões”, submergindo em seu Deus interior. Aprendeu a sorrir ante as adversidades da vida, permaneceu sereno e esperançoso, aproveitando para aprender tudo aquilo que a escola da vida lhe ensinava naquele momento.

Não se revoltou com a situação; ao contrário, se alegrou ao perceber a beleza de como a vida nos brinda com oportunidades para nosso próprio crescimento. O sofrimento lhe fez adquirir novos graus esotéricos, e no cárcere teve a chance de experimentar belas e divinas experiências, sobre as quais não pôde escrever.

Fez do cárcere um monastério de santidade, onde amava os amigos, porque os compreendia, e também os inimigos, porque não os compreender.

Seu discípulo, Júlio Medina, foi quem financiou-lhe a defesa e esteve o tempo todo ao lado do advogado agilizando o processo para libertá-lo da cadeia.

No dia 18 de março, um dia antes de o Mestre sair da prisão, Júlio escreveu-lhe uma carta informando que a ordem para soltá-lo estava pronta, dependendo apenas da assinatura do prefeito, que precisara se ausentar com urgência e estaria de volta no início da noite. Tão logo retornasse, ele seria colocado em liberdade.

Nesse dia, a cidade comemorava e festa de São José e havia comentários de que o prefeito estava na farra. O Mestre ficou em dúvida se o prefeito abandonaria a farra para conceder-lhe a liberdade, ou mesmo se ele se lembraria de sua humilde pessoa.

E, confirmando suas suspeitas, o prefeito não se lembrou e não retornou, continuou na farra. No final da tarde do dia 19 de março, o Mestre foi liberado do cárcere. Seguiu para sua casa, onde encontrou Júlio Medina e outros irmãos espiritualistas, que o receberam com abraços.

Dois dias depois de ter saído da prisão, o Mestre conclui os processos da Segunda Iniciação de Mistérios Maiores.

Durante o tempo em que esteve detido, recebeu o convite de um de seus discípulos para morar na serra. Ele aceitou e resolveu se mudar para Sierra Nevada de Santa Marta.


20 de fevereiro de 2013

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