O Mestre não queria que seus filhos fossem à escola quando ainda eram muito pequenos. Sempre dizia que a educação atual era voltada para desenvolver o intelecto, e isso fazia com que as pessoas perdessem o contato com as partes superiores do Ser. Comentava também que a educação intelectual prejudicava os centros da máquina humana. Por esta razão, decidiu ele mesmo ser professor de seus filhos, e colocou dentro de sua casa uma placa que dizia: Escolinha Gómez.
As aulas começavam pontualmente às 8 horas da manhã. E, como em toda escola, havia tarefas a serem cumpridas.
O Mestre dava incentivo para que as tarefas fossem realizadas com alegria e boa vontade. Muitas vezes prometia às crianças que, se as tarefas fossem bem feitas, elas veriam um burrinho e poderiam com ele brincar.
As crianças ficavam ansiosas para ver o burrinho e se esforçavam para acabar logo a tarefa para poderem brincar. Quando terminada as tarefas, e se estivem bem feitas, o Mestre ia até um quarto, que ficava atrás de uma cortina, e voltava transformado em um burrinho; entrava na sala zurrando.
As crianças montavam no burrinho para brincar e, quando o burrinho cansava, este começava sinalizar que estava indo embora e que as crianças descessem. Logo ia para o quartinho e retornava como o Mestre.
Em outras ocasiões, quando as crianças não se comportavam muito bem, dizia que ia chamar a polícia para repreendê-las. Então ia para o quartinho e se transformava em um policial de farda azul. As crianças corriam impressionadas, prometendo que iriam se comportar bem.
Algumas vezes, para premiar as crianças, ele se transformava em galinha. A meninada, então, brincava um bom tempo com ela e tocavam-na suavemente. Em outras, se transformava em sapo e ficava saltando de um lado para outro. As crianças sabiam que o sapo era seu pai e não o temiam, mas adoravam brincar com ele.
Esta foi a forma que encontrou para ensinar as crianças a ler e escrever. Embora as ensinasse dentro da própria casa, sempre lhes permitiu que soubessem o que se estudava na escola primária.
O Mestre nunca quis que suas crianças fossem à escola, mas, por insistência da esposa, acabou cedendo posteriormente.
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