Certo dia, Medina visita o Mestre na hora de almoço. A esposa do Mestre estava lavando roupas enquanto o marido descansava sobre umas tábuas sustentadas por dois pequenos bancos de madeira. Medina observa um quadro desolador e pergunta ao Mestre:
“Que faz, Mestre, aí nessa tábua?”
“Um jejum forçado” – respondeu ele.
“E como é um jejum forçado?” – indaga novamente Medina.
“Um jejum forçado é quando não há o que comer” – explica o Mestre.
Medina tira o que tem no bolso e entrega a ele. O Mestre então diz à esposa:
“Negra, já há com que comer.”
Ela saiu para o mercado e logo retornou com os alimentos para cozinhar. Preparou uma sopa típica da região, que todos apreciaram.
A mente de Júlio Medina estava inquieta. Pensava consigo mesmo: “Por que este homem, que sabe tanto, tem que viver tão pobremente? Se eu não chegasse hoje, não haveria almoço para ele e nem para sua família”. Então perguntou:
“Mestre, você não se preocupa com dia de amanhã?”
“E com o que queres que eu me preocupe?” – respondeu.
“Em saber como fará amanhã para poder comer” – diz Medina.
“Por que queres estragar este banquete com ideias tão pessimistas? A verdade é que estamos gozando deste caldo suculento. Por que trazer ideias que não vêm ao caso?” – questionou o Mestre.
Ponderou então Medina: “Mestre, é que você deve pensar como fará amanhã para voltar a comer.”
“Então” – falou o Mestre -, “diga-me uma coisa: quantos filhos tens?
“Quatro filhos” – responde Medina.
“Bem, teus filhos estão preocupados em saber o que vão comer amanhã?” – pergunta o Mestre.
Medina responde que não e o Mestre pergunta por quê. Então Medina diz: “Porque eles têm a mim, que sou seu pai, e eles confiam em seu pai.”
Diante disso, o Mestre esclarece: “Exatamente o que acontece comigo, eu tenho meu Pai e confio Nele, Ele saberá o que me dar de comer, e disso comerão minha esposa e meus filhos”.
Medina pensou: “Esse é um descarado, um irresponsável”, e teve vontade de não voltar mais. Contudo, ponderou: “Se me afasto, dele perco este ensinamento que eu jamais conheci em livros ou em pessoa alguma”.
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